quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Minhas lições de vida

Por Tatiana Callado.

(desenho feito na aula de espanhol com o tema: "mi mundo interior de hoy")

Há tanto a ser dito que torna difícil exprimir tudo aquilo que senti em tão pouco tempo...

Sim, Hemingway estava certo, Paris é uma festa! E dessa vez não fui de penetra, na verdade fui maravilhosamente bem recebida a cada lugar que se visitava. Partindo do princípio, antes mesmo do avião decolar, eu sentia que essa viagem prometia intensas emoções, eu só não sabia o quanto isso me perturbaria. A nebulosa dúvida da viagem dele nos intrigava a cada instante em que a minha partida se aproximava. A minha carta de quatro páginas ensaiando uma despedida não era suficiente para afagar nossos corações, ao passo que se tornava mais evidente que a separação era inevitável e urgente. E Paris acabou se tornando(?) um refúgio para escapar de tanto sofrimento que certamente me acometeria estando ao lado dele. Foi dessa forma que pensei nos primeiros dias de viagem assim que o veredito havia se confirmado. No dia 6 de outubro de 2012, o sonho da minha mãe e o dele seriam realizados, e eu não conseguia compreender o porquê dessa maldita coincidência em que nós nos metemos. Durante os últimos três anos do nosso relacionamento, essa provável viagem para a Itália nos rodavam como um fantasma adormecido que só estava esperando a hora certa(?) para ser despertado; infelizmente, o seu despertador funcionou em um momento crítico para nós. Até hoje eu carrego esse questionamento: será que nós merecíamos que fosse dessa maneira? Embora tivéssemos   refletido bastante sobre como seria a partida e como poderíamos superar a distância, nada se assemelha ao que sentimos na pele e no coração. E naquela madrugada do dia 6, Paris se tornou uma festa sem sentido, sem gosto, sem alegria; nem o fato de estar num dos lugares mais especiais do mundo me confortou naquela noite; meu corpo foi defender meu coração que tentava sozinho suportar a dor decorrente tanto da minha ausência ao lado dele, quanto da iminente separação, porém ele não suportou e a fragilidade me tomou por completo. Não satisfeito com a peripécia que havia feito, o destino quis atrasar mais um pouco a partida dele, fazendo com que ele viajasse no dia 8, no nosso dia, em que completamos cinco anos e cinco meses. Apesar dessa tristeza que havia se instalado dentro de mim, acredito que tive sorte de estar onde eu estava, afinal quando amanhecia e saía para a rua, eu estava aos pés da magnífica 'Tour Eiffel' que fazia com que aparecesse um sorriso largo no meu rosto, fazendo sumir todos os problemas e as suas dores. Além disso, eu estava imensamente feliz por estar ao lado das pessoas que são fundamentais para mim, vivenciando a realização desse sonho, que era meu também, contudo esse fato permanecia às escuras para mim à medida que a inevitável separação nos bateu à porta. Nesse momento, após ter refletido bastante sobre tudo o que se passou (ainda que não tinha sido o bastante), eu acredito que cada um de nós - seja minha mãe que completou 50 anos no seu lugar preferido, seja minha prima que tenha se casado com seu grande amor, seja ele que tenha viajado a fim de se realizar profissionalmente, seja eu que conheci um dos lugares mais incríveis desse mundo - cada um de nós não só vivenciou o seu sonho, como também se realizou pessoalmente, afinal ninguém pode viver o sonho de outra pessoa. No entanto, nós tornamos possível que cada um se realizasse individualmente, sem deixar de estarmos juntos, sem deixar de compartilharmos os medos, os anseios, os desejos, as conquistas. E esta é a beleza e o aprendizado que tiro dessa intensa experiência que vivi: o amor permite que compartilhemos os nossos sonhos, embora não devemos abrir mão de vivenciá-los individualmente a fim de que nos tornemos quem realmente queremos ser. 

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